Gandalf: As outras faces de um só mago
Um
mago nunca se atrasa, nem se adianta, ele chega exatamente quando pretende
chegar...
Escrito por Iuri Amorim
Introdução
Introdução
Sendo um dos personagens mais icônicos da literatura
no século XX, Gandalf, o cinzento (Ou “o Branco”, para quem o bem conhece), sem
dúvida registrou-se como uma das mentes mais sapientes e eruditas do Universo
“Tolkieniano” (assim chamaremos a conjuntura de obras criadas por J.R.R Tolkien
ao longo do texto). Sendo responsável pelo impulsionamento dramático de
romances como “O hobbit” e “O Senhor dos Anéis”, a figura do Mentor, apesar de
seu fantástico aproveitamento no enredo, permanece misteriosa a vista de muitos
dos fãs do mesmo universo.
No Sul, Incánus. Na terra dos elfos, Mithrandir. Por
entre os anões, Tarkûn. O peregrino cinzento é na verdade um dos Maiar. Maiar
no universo Tolkieniano, são seres semelhantes aos Deuses antigos, uma casta
menos poderosa que os Valar. Essas espécies de divindades escolheram habitar
dentre a criação. Gandalf vivia em Vanilor (terra abençoada dos Valar e Maiar),
e foi a Terra Média com a missão de combater as forças de Sauron
Contudo, o mago representa muito, mais do que seu
Significado aparente.
Influência
do Cristianismo
Talvez como resultado das poesias
trovadorescas, vários grandes ciclos literários sofreram a influência do
cristianismo em suas composições, como exemplos desses ciclos podemos citar os
contos Arturianos, os quais relatam a saga do rei Bretão Arthur Pendragon, que
lutou tanto contra a invasão Anglo-Saxã, como também enfrentou figuras místicas
e sobrenaturais. O próprio Saint Graal (no
português “Cálice sagrado” ou “Santo Graal”) pode ser um exemplo dessa
influência, o objeto é nada mais do que o cálice usado por Jesus Cristo em sua
última Ceia, e nele José de Arimatéia teria recolhido o sangue de Jesus
enquanto o mesmo estava sendo crucificado. O objeto tornou-se símbolo de
prosperidade no reino de Camelot,
almejado como aquilo que traria de volta a paz nas histórias Arturianas. Com
Gandalf, essa influência não foi muito diferente, mais discreta, podemos dizer.
A missão de Jesus Cristo, como relatam as histórias bíblicas, seria de morrer
para salvar a humanidade, Deus enviara seu filho, e este ao ser crucificado
iria redimir a humanidade de seus pecados. Uma das passagens semelhantes no
romance de Tolkien “O Senhor dos Anéis”, figura-se nas pontes de Khazad Dum,
Gandalf sabia que seu destino era o de enfrentar o Balrog, assim como Jesus
cristo sabia que seria crucificado, o mago faria isso para salvar Frodo que
supostamente poderia devolver a paz a terra média, Jesus Cristo se sacrificaria
também para salvar a humanidade.
As influências poderiam parar por aí,
mas provavelmente Tolkien quis tornar as coisas mais interessantes. Ao terceiro
dia depois de sua morte, Jesus Cristo Ressuscita e sobe aos céus, na mais puras
das imagens, o Salvador. Gandalf, após sua queda nos abismos de Minas Tirith,
onde supostamente havia morrido, recebe uma espécie de sopro divino, e
misteriosamente volta a vida, como se houvesse ressuscitado. Depois disso, o
andarilho deixa de ser o cinzento e retorna como um novo ser: Gandalf, O
Branco! Aquele que se sacrificou pela salvação do portador (o conceito de se sacrificar
pelos outros, com toda certeza é um principio cristão).
Regressando um pouco na linearidade
da História, precisamente na sociedade do Anel, onde o mago vai até a consulta
de seu amigo, Saruman, podemos aproveitar alguns detalhes que supostamente foram
influenciados pelos contos Bíblicos. Jesus Cristo passa 40 dias de fome no
deserto, sofrendo uma forte tentação pelas palavras de Lúcifer para render-se,
porém, o Salvador conserva-se iluminado, sem ceder por nenhum momento,
mostrando-se assim o filho de Deus. Gandalf ao chegar na torre de Saruman, se
depara com seu amigo rendido as forças de Sauron (ou seja, caído assim como
Lúcifer), Saruman profere palavras de tentação que buscam fazer com que o mago
cinzento também se renda ao império que devastaria a terra média. Negando-se a
isso, Gandalf perde em um combate mágico contra Saruman, onde é aprisionado em
sua torre por muitos dias, chegando a ficar maltrapilho e faminto assim como
ficara Jesus Cristo. Mas o mago não se rende, e consegue escapar sem cair na
obscura tentação.
Várias outras discussões cabem a
essa influência Cristã no mundo de Tolkien, como os Orcs, que são elfos caídos,
e supostamente representam os demônios deste universo. Todavia, essa talvez
seja uma análise de outrora.
Influência
Medieval
Com
toda certeza, não só o Cinzento, como todo o cenário das histórias Tolkienianas
são puramente medievais. A figura do Mago em si, reflete estreitamente no que é
Gandalf. Os magos existiram, disso não podemos duvidar, eram figuras de um
conhecimento extraordinário, independentes e misteriosos, vinham de terras
distantes e serviam como conselheiros dos grandes reis, muitas vezes também
dominando a natureza de poções medicinais tratadas como “mágicas”.
Os famosos Bardos Trovadores talvez
também tivessem difundido a figura do mago na antiga Europa medieval, e por
isso, teria se criado a imagem mística e sobrenatural dos sábios andarilhos.
Uma das figuras Europeias que podemos tomar como uma “possível” inspiração de
Tolkien, seria o famigerado mago Merlin do ciclo Arturiano. Avô de Artur
Pendragon, e mentor tanto de seu nascimento, como de sua ascensão a
grandiosidade, o mago Merlin além de possuir aparência semelhante, assemelha-se
também em sua erudição e misticismo ao cinzento Tolkieniano. Em vários lugares
da terra média, Gandalf é mencionado pelos poemas, lendas e contos assim como
muitos outros feiticeiros, trazendo consigo o ar místico que tinham os
clássicos magos na literatura inglesa.
Influência da mitologia Nórdica
Uma
das maiores genialidades de J.R.R Tolkien, foi usar de várias mitologias do
mundo antigo (algumas até extintas), porém, uma em particular chama bastante
atenção de seus fãs, por provavelmente ser a mais influente dentro daquele
universo: A mitologia Nórdica. A antiga Escandinávia, por volta de 700 a 900
d.c foi habitada pelos Vikings, povo guerreiro e saqueador, cuja crença se
baseava em Deuses que clamavam pela guerra e a conquista de novos mundos. A
mitologia Nórdica era a crença dos Vikings. Trolls eram seus monstros, elfos os
filhos dos ventos, os anões lendários forjavam as armas dos Deuses, e todos
estes seres são personagens dentro do mundo de Arda (nome dado ao mundo criado por Tolkien). A mitologia se
estende, e um dos seus principais integrantes será o comparativo para o
decorrer do texto. Odin, o pai dos Deuses, é sempre retratado de muitas formas
dentro dos contos Nórdicos, sendo a mais famosa a de um andarilho de terras
longínquas, chapéu de abas largas, barba longa e corpo velho. Gandalf, sem
sombra de dúvidas usufrui, dessa mesma imagem, talvez seja até mesmo idêntico.
Conclusão
Tudo o que temos de decidir, é o que
fazer com o tempo que nos é dado
Seria quase impossível desmistificar as histórias de
Tolkien. Uma das características de um bom romance é ser montado por várias
influências, até o ponto que se torne único.
Por fim, são as diversas alusões a estudos, culturas, e crenças antigas que nos
fazem gostar de obras renomadas como “O Hobbit” e “Senhor dos Anéis”, a terra
média e o mundo de Arda são realmente fascinantes!
EXTRA
Conheça o Deus que inspirou Gandalf (matéria
do History: https://seuhistory.com/noticias/conheca-o-deus-que-inspirou-criacao-de-gandalf)
Leituras recomendadas para entender mais o
universo de Tolkien:
·
Contos Inacabados;
·
O Silmarillion;
·
Beren e Luthien.
Texto massa em! Parabéns iuri e Marvin!!
ResponderExcluirAgradecemos!
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